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Sobre

Ricardo Takamura

 

 

“O artista Ricardo Takamura, especialista em fotografias noturnas, apresenta um diálogo contemporâneo sobre a presença humana e sua influência sobre a paisagem natural. Seu engajamento crítico e transformador irá levar o interlocutor à um mundo repleto de ficção e realidade.” Adilson Martins – curador
 
 

“Alma, emoção, sonhos, e devaneio.”

BIOGRAFIA

A obra de Ricardo Takamura nasce do entrelaçamento entre memória, imaginação e paisagem. Crescido entre o urbano e o rural, sua formação foi marcada pela observação atenta da natureza e pelas atmosferas noturnas que hoje permeiam toda a sua produção artística. Sua experiência sensível com a luz – iniciada ainda na infância com esculturas iluminadas e mais tarde aprofundada com a fotografia – transforma-se em instrumento narrativo.

Inserido no contexto da fotografia fine art contemporânea, Takamura investiga a relação entre tempo, silêncio e presença. Suas imagens noturnas revelam paisagens que parecem habitar o intervalo entre o real e o fictício, muitas vezes evocando o conceito japonês de “Ma” – o espaço entre as coisas, o respiro entre acontecimentos.

Cada obra funciona como um fragmento narrativo suspenso no tempo. A ausência humana, a penumbra controlada, os elementos naturais silenciosos: tudo colabora para a criação de uma atmosfera meditativa. Nessa poética da espera, Takamura constrói imagens que mais do que mostrar, convidam à imersão.

Influenciado pelo cinema e pela ficção científica, o artista utiliza a longa exposição como meio de revelar o invisível, elaborando paisagens que transcendem o documentarismo e se situam em um espaço visual de estranhamento e beleza.

Seu trabalho foi premiado e aceito em diversos concursos e salões de fotografia nacionais e internacionais, e recebeu em 2016 uma homenagem do Instituto de Estudos Valeparaibanos na categoria Memória e Fotografia, pelo trabalho e mudanças positivas que tem provocado com a intenção de proteger a Memória, Patrimônio Ambiental, Cultural e Histórico do Vale do Paraíba 

 

 

DECLARAÇÃO DO ARTISTA

 

Minha relação com a fotografia tem raízes profundas na infância. Cresci em um sítio situado na zona de transição entre o urbano e o rural — próximo à cidade, mas envolto pelo silêncio e pelo mistério da natureza. Foi nesse ambiente ambíguo que desenvolvi um fascínio pela noite, pelo desconhecido e pelo céu estrelado, ainda visível antes da expansão urbana e da poluição luminosa.

Durante a infância, a paixão pelo cinema e pela ficção científica alimentou minha imaginação. As histórias sobre mundos distantes e seres enigmáticos se entrelaçavam às minhas próprias incursões noturnas pelas matas vizinhas, onde a escuridão instigava tanto a curiosidade quanto o temor. Era uma experiência de descoberta, de confronto com o invisível.

A fotografia esteve presente desde cedo, através de uma Kodak Instamax e uma Polaroid constantemente sem filme — pela dificuldade de acesso na época. Com o tempo, embora a imagem continuasse a me interessar, me voltei às artes plásticas: pintura em acrílico e esculturas em madeira, especialmente luminárias, onde a luz deixou de ser apenas representação para tornar-se matéria e linguagem.

Foi apenas com o surgimento das câmeras digitais que a fotografia retornou como prática vital. A liberdade de experimentar sem os custos do filme me possibilitou explorar a luz com outra intensidade — uma luz tênue, quase invisível ao olho nu, que podia ser moldada para revelar mundos interiores. Assim, minha prática fotográfica passou a unir o impulso narrativo do cinema à criação de atmosferas poéticas e fictícias.

Muitas das imagens que produzo nascem de uma busca por silêncio e suspensão. São composições que evocam o que, na cultura japonesa, é chamado de Ma — o intervalo, a pausa significativa entre dois eventos. Essa ideia do vazio como presença tornou-se um eixo fundamental da minha obra, refletindo uma estética da contemplação e do tempo expandido.

Hoje, minha fotografia transita entre o encenado e o cinematográfico, entre o natural e o imaginado. Cada imagem é, ao mesmo tempo, uma narrativa e uma ausência, um fragmento de um universo em que o tempo parece parar, e a luz se torna o fio condutor de uma memória inventada.